PROJETO BOTO CINZA (SC)

Na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, entre a capital Florianópolis e o município de Calso Ramos, situa-se a APA (Área de Proteção Ambiental) da Ilha de Anhatomirim. Nesta região, um projeto muito especial é apoiado pela ECOBIOMA: trata-se do monitoramento do boto-cinza (Satalia guianensis), espécie endêmica na costa do Oceano Atlântico Sul Ocidental no trecho entre a Ilha de Santa catarina e a Nicarágua. Apesar do incremento dos estudos relativos à espécie, a mesma ainda é classificada como “Deficiente em Dados” pela União internacional para Conservação da Natureza. Em Santa Catarina, no entanto, tal espécie é classificada como “ameaçada de extinção”, enquanto no Brasil é classificada como “vulnerável”.

A ECOBIOMA patrocina o projeto de monitoramento da população residente de botos-cinza na APA de Anhatomirim, o qual se iniciou em 2010. O principal objetivo do programa é monitorar a distribuição, abundância e comportamento dos botos-cinza na APA de Anhatomirim e adjacências.

São metas do projeto:

Realizar saídas embarcadas na Baía Norte e registrar a ocorrência, posição geográfica e comportamento dos grupos de cetáceos observados na Baía Norte;
Realizar a foto-identificação dos botos-cinza observados na Baía Norte, compondo um catálogo de indivíduos da área, visando calcular sua abundância anual e outros parâmetros demográficos.
Serão realizadas saídas embarcadas com rotas pré-estabelecidas para procura e observação de grupos de cetáceos na Baía Norte, contando com pelo menos um pesquisador experiente à bordo. A embarcação navegará com uma velocidade entre 10-15 nós e em condições climáticas favoráveis (ausência de chuva e vento fraco). Quando um grupo é localizado, é registrada a espécie, posição geográfica, tamanho do grupo, comportamento, etc. O grupo será acompanhado para a foto-identificação dos indivíduos, usando registros fotográficos digitais com distância focal entre 200-500 mm. A foto-identificação deverá ser feita através de fotografias da nadadeira dorsal dos botos, que apresentam marcas persistentes e distinguem os indivíduos. A distribuição dos botos deverá ser avaliada através de um Sistema de Informações Georreferenciadas (SIG) da área de estudo contendo a batimetria e feições da costa. Os dados de foto-identificação devem ser usados para estimar a abundância e outros parâmetros demográficos como sobrevivência, através de modelos estatísticos de marcação-recaptura.

Espera-se com esse projeto dar subsídios para o manejo de APA de Anhatomirim através de estimativas de abundância anual e da tendência da população residente de botos da Baía Norte, bem como o monitoramento da distribuição de animais. Os resultados do projetos também devem ajudar a categorizar a espécie em nível internacional em algum grau de conservação. O estudo deverá ainda produzir informações inéditas e importantes para a comunidade científica internacional sobre a demografia e estrutura social desta população na espécie. Essas informações serão apresentadas em congressos científicos e publicadas na forma de artigo em revistas indexadas.”